História do Lisp, abra os olhos para programação funcional
Feb 8, 2018 | ~6 minutes read
Uma newsletter sobre engenharia de software, gestão de time, formação de time, livros e muitas anotações que faço depois de ler/estudar (o meu ou o seu)... :D
Share this post:
Como começou minha paixão por parênteses (ops Lisp)?
Tenho uma formação na área de Matemática Aplicada (começa ai a loucura), Lisp foi uma das poucas linguagens de programação que me deparei dentro da academia (eu já programava em Perl profissionalmente e conhecia Python), quando vi aqueles parênteses de cara pensei isso não é para mim (isso é uma loucura de Matemática/Acadêmico que nunca saiu para o mercado de trabalho). Com o passar das aulas eu comecei achar confortável os parênteses (seres humanos acostuma muito rápido com tudo) e comecei achar estranho a forma de pensar para escrever a lógica do software (por exemplo (+ 1 2)). Lisp usa Notação polonesa como forma de expressão, isso foi complicado acostumar, no dia a dia usava uma linguagem de programação “normal” e dentro da academia funcional (sem saber que era funcional).
Com o tempo comecei pegar gosto pela forma de pensar (funcionalmente) e acabei entrando para um projeto (no mercado, não académico) que usava Common Lisp na sua implementação SBCL (Steel Bank Common Lisp, que é mantido até hoje). Nesse momento eu virei super fã da linguagem e com a forma de lidar com software (de verdade) em produção. A empresa trabalhava com dados estatístico do mercado de Pesquisa Cliníca e LISP foi tomado como linguagem por matemáticos, isso facilitou muito a comunicação entre o time de engenharia e acadêmicos.
Como tudo começou?
É um conjunto de linguagem de programação especificada pelo John McCarthy em 1955 saindo sua primeira versão em 1958 (durante um projeto de pesquisa em inteligência artificial) influenciado pelo seu aluno Alonzo Church. A motivação de McCarthy surgiu da idéia de desenvolver uma linguagem algébrica para processamento de listas para trabalho em IA (inteligência artificial). O seu nome vem de LISt Processing (a lista é a estrutura de dados fundamental desta linguagem). Tanto os dados como o programa são representados como listas, o que permite que a linguagem manipule o código fonte como qualquer outro tipo de dados.
Nascendo assim o Lisp 1, a versão que realmente foi distribuída por McCarthy e outros do MIT (Massachussets Institute of Tecnology) foi Lisp 1.5 (manual de programadores), assim chamada porque continha várias melhorias no interpretador Lisp 1 original, mas não foi uma grande reestruturação como planejado que fosse ser o Lisp 2.
Linha do tempo de linguagens que segue o dialeto Lisp
Vou começar apartir do Lisp 1.5 pois foi o primeiro a ser distribuido.
Lisp 1.5(1955 - 1965)/Dialeto - Primeira implementação distribuída por McCarthy e outros do MIT
Maclisp(1965 - 1985)/Dialeto - Desenvolvido pelo MIT Project MAC (não relacionado Apple, nem ligado com McCarthy)
Interlisp(1970 - 1990)/Dialeto - Desenvolvido pela BBN Tecnologiapara PDP-10 rodando no sistema operacional Tenex, logo após adotado pela máquina Xerox Lisp o InterLisp-D
ZetaLisp(1975 - 1995)/Dialeto - denominada Lisp Machine - usado nas máquinas Lisp, descendente direto de Maclisp. Tendo como grande influência o Common Lisp
Scheme(1975 - mantido até hoje)/Dialeto - Diferente de Common Lisp, linguagem que usa dialeto Lisp
NIL(1975 - 1980)/Dialeto - Sucessor direto do Maclisp, com muitas influências de Scheme. Esta versão do Common Lisp estava disponível para plataformas de grande alcance e foi aceita por muitos como um padrão de fato até a publicação do ANSI Common Lisp (ANSI x3.226-1994).
Common Lisp(1980 - mantido até hoje)/Dialeto - aka Common Lisp the Language (a linguagem) – As tentativas e divergência entre ZetaLisp, Spice Lisp, nil, e S-1 Lisp para criar um dialeto sucessora para Maclisp. Common Lisp estava disponível para plataformas de grande alcance e foi aceita por muitos como padrão até a publicação do ANSI Common Lisp (ANSI X 3.226-1994)
CCL(1984 - mantido até hoje)/Implementação - baseado no dialeto Common Lisp, antiga MCL
T(1985 - mantido até hoje)/Dialeto - Derivado de Scheme escrito por Jonathan A. Rees, Kent M. Pitman e Norman, Adams da Yale University com experiencia de design de linguagem e implementação. Em 1987 foi publicado o livro The T Programming Language: A Dialect of LISP
Emacs Lisp(1985 - mantido até hoje)/Dialeto/Implementação - Usado como linguagem de script (configuração) do editor Emacs (mantido pelo projeto GNU)
AutoLISP(1985 - mantido até hoje)/Dialeto/Implementação - feito para AutoCAD, rodando nos produtos AutoCAD Map 3D, AutoCAD Architecture e AutoCAD Mechanical
OpenLisp(1985 - mantido até hoje)/Dialeto - desenvolvido por Christian Jullie escrito em C e Lisp que deu origem a implementação ISLISP
PicoLisp(1985 - mantido até hoje)/Dialeto - Open Sourcepara Linux e outros sistemas compatíveis com POSIX
EuLisp(1990 - 2015)/Dialeto - Escopo estático e dinâmico, introduzida para Indústria e Acamia Europeia
ISLISP(1990 - mantido até hoje)/Dialeto - feito para International Standard sobre licença de Dominio Público
newLISP(1990 - mantido até hoje)/Dialeto - Linguagem Open Source escrita por Lutz Mueller, ditribuída pela licença GPL (GNU General Public License) com fortes influencias de Common Lisp e Scheme
Racket(1990 - mantido até hoje)/Dialeto - Multi paradigma que veio da familía Scheme, um de seus objetivos de projeto é servir como uma plataforma para a criação de linguagens, design e implementação. Sua runtime usa JIT
GNU Guile(1990 - mantido até hoje)/Implementação - Usado para extensão de sistema para o Projeto GNU, baseado em Scheme
SBCL(1999 - mantido até hoje)/Implementação - baseado no dialeto Common Lisp com recurso de alta performance no compilador, suporte a unicode e threading. Nasceu como fork do Carnegie Mellon University Common Lisp por Andrew Carnegie e Andrew Mellon
Visual LISP(2000 - mantido até hoje)/Dialeto/Implementação - Antigo AutoLisp após ser comprado pela Autodesk
Clojure(2005 - mantido até hoje)/Dialeto/Implementação - começou sendo baseado Common Lisp rodando na JVM (Java Virtual Machine), trazendo retro compatibilidade com todas linguagens que roda na JVM, é possível importar classes Java por exemplo
Arc(2005 - mantido até hoje)/Dialeto/Implementação - desenvolvido por Paul Graham e Robert Morris escrito usando Racket
LFE(2005 - mantido até hoje)/Dialeto/Implementação - Lisp Flavored Erlang, implementado em Erlang
ACL2(2005 - mantido até hoje)/Dialeto/Implementação - Criado por Matt Kaufmann e J Strother Moore dentro da University of Texas at Austin
Hy(2013 - mantido até hoje)/Dialeto/Implementação - apelido para Hylang, implementado em Python. Nasceu dentro da PyCon 2013 escrito por Paul Tagliamonte
Rum(2017 - mantido até hoje)/Dialeto/Implementação - implementado em Go, projeto extremamente novo, veja o github
Não para por aqui, existe muitas outras derivações…
É isso mesmo, Lisp é uma linguagem de programação que tem vários dialetos e implementações, com a ANSI Common Lisp itilizada como o dialeto mais utilizado.
Todos tem como dialeto o SQL ANSI mas evoluiu a partir do default.
Por onde começar estudar Lisp?
Vamos supor que você gostou da loucura que é as diversas implementações e você quer estudar essa linguagem, por onde você começa?
Qual interpretador usar? Eu particularmente gosto do SBCL (particularmente é o que mais tenho usado para desenvolvimento), em produção uso CCL, se você trabalha com alguma tecnologia que roda em JVM vai para Clojure.